Publicação: 14/11/201
Os canteiros de obras dos 12 estádios da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, transformaram-se no centro de uma disputa política com desdobramentos nas eleições municipais do próximo ano.
Além da prefeitura paulistana, a demonstração de força de Paulinho serve para fustigar outro grande adversário: a Central Única dos Trabalhadores (CUT). A maior central sindical do país não comanda nenhuma obra nos estádios, mas disputa palmo a palmo o números de filiados com a Força. No Planalto, os passos de Paulinho não são enxergados apenas como uma mera reinvidicação trabalhista. “É muito cômodo você misturar mandato parlamentar com o comando de uma entidade sindical. Você pode fazer o que quiser”, criticou um aliado da presidente Dilma.
Apesar de, em tese, integrar um partido da base de sustentação do governo federal, Paulinho não se comporta propriamente como um aliado. Em diversas votações, como o reajuste do salário mínimo no início do ano e a concessão de aumento aos aposentados que ganham acima do menor vencimento garantido por lei no país, ele agiu de forma contrária aos interesses do Planalto. Ele sabe que as únicas obras que estão com o cronograma em dia na Copa são os estádios. Atrasar esses prazos faz com que ele se torne um ente obrigatório nas mesas de negociação de qualquer assunto.
Além disso, o modelo de atuação nesse caso reflete outro drama vivido pelo Planalto no início do ano. Também reclamando de péssimas condições de trabalho, peões cruzaram os braços nos canteiros das duas principais hidrelétricas em construção no PAC: Jirau e Santo Antônio. A Secretaria-Geral da Presidência teve de intervir para que o maior programa de infraestrutura da presidente Dilma Rousseff não fosse interrompido e formou uma mesa tripartite, composta por entidades sindicais, patronais e o governo para buscar alternativas de diálogo.
Os primeiros sinais da paralisação já foram dados. A ameaça grevista é incentivada pela Confederação Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM), que comandou as manifestações que quase impediram a realização da Copa do Mundo da África do Sul em 2010. Representantes da ICM e presidentes dos sindicatos dos trabalhadores das 12 cidades sede vão se reunir nos próximos dias 17 e 18 no Hotel San Raphael, em São Paulo, para decidir a paralisação, prevista para o início de 2012.
Dois fatores isolados, mas essenciais, ajudam a alimentar a ameaça de greve. As obras precisam estar prontas até o fim do ano que vem para que o país possa sediar a Copa das Confederações de 2013. Se isso não ocorrer, a entidade máxima do futebol terá o direito de escolher uma nova sede para o evento, inclusive o Mundial de 2014. Isso não deve ocorrer, mas o risco paira no ar. O outro elemento de pressão é o fato de serem obras destinadas ao mesmo evento — a Copa do Mundo —, apesar de realizadas em locais distintos. Sindicalistas e trabalhadores defendem que todos devem ter as mesmas condições salariais. “Não temos como evitar isso. Os trabalhadores hoje têm celular e internet, eles se comunicam e sabem a realidade de cada uma das obras em curso”, prosseguiu Paulinho.
A reunião entre dirigentes sindicais, nesta semana, formalizará esse intercâmbio de informações entre as entidades. “Será uma espécie de termômetro de como estão as condições de trabalho em cada canteiro de obra da Copa no país”, diz Maurício Rombaldi, representante da ICM responsável pela coordenação da Campanha pelo Trabalho Decente para a Copa do Mundo de 2014.
Entre os consórcios responsáveis pela execução das obras, a preocupação é que um movimento grevista nacional aumente muito o poder dos sindicatos nas negociações. Para o vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Ralph Lima Terra, o acirramento do clima entre consórcios e operários é o reflexo da cultura do país. “No Brasil, não estamos acostumados a lidar com obras desse porte com prazo fixo para serem entregues”, diz Ralph.
Advogado especializado em atender empresas de engenharia, arquitetura e infraestrutura, Fábio Moura afirmou que uma greve geral por questões salariais é um absurdo. “Por mais que eles queiram alegar diferenças salariais, é impossível para as empresas pagarem os mesmos vencimentos aos trabalhadores de Salvador, São Paulo e Manaus, por exemplo, já que isso está ligado ao custo de vida de cada cidade”, declarou.
Pré-candidato do PDT à Prefeitura de São Paulo em 2012, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP), ameaça parar os mais de 20 mil trabalhadores espalhados pelas capitais.
A maior parte deles é ligada à Força Sindical. Se der certo, Paulinho fortalece também outros candidatos apoiados pela entidade, já que, à exceção de Brasília, todas as cidades terão eleições para prefeitos no ano que vem. “Já avisamos ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que se as coisas não mudarem vamos parar tudo”, disse Paulinho ao Correio.
Além da prefeitura paulistana, a demonstração de força de Paulinho serve para fustigar outro grande adversário: a Central Única dos Trabalhadores (CUT). A maior central sindical do país não comanda nenhuma obra nos estádios, mas disputa palmo a palmo o números de filiados com a Força. No Planalto, os passos de Paulinho não são enxergados apenas como uma mera reinvidicação trabalhista. “É muito cômodo você misturar mandato parlamentar com o comando de uma entidade sindical. Você pode fazer o que quiser”, criticou um aliado da presidente Dilma.
Apesar de, em tese, integrar um partido da base de sustentação do governo federal, Paulinho não se comporta propriamente como um aliado. Em diversas votações, como o reajuste do salário mínimo no início do ano e a concessão de aumento aos aposentados que ganham acima do menor vencimento garantido por lei no país, ele agiu de forma contrária aos interesses do Planalto. Ele sabe que as únicas obras que estão com o cronograma em dia na Copa são os estádios. Atrasar esses prazos faz com que ele se torne um ente obrigatório nas mesas de negociação de qualquer assunto.
Além disso, o modelo de atuação nesse caso reflete outro drama vivido pelo Planalto no início do ano. Também reclamando de péssimas condições de trabalho, peões cruzaram os braços nos canteiros das duas principais hidrelétricas em construção no PAC: Jirau e Santo Antônio. A Secretaria-Geral da Presidência teve de intervir para que o maior programa de infraestrutura da presidente Dilma Rousseff não fosse interrompido e formou uma mesa tripartite, composta por entidades sindicais, patronais e o governo para buscar alternativas de diálogo.
Os primeiros sinais da paralisação já foram dados. A ameaça grevista é incentivada pela Confederação Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM), que comandou as manifestações que quase impediram a realização da Copa do Mundo da África do Sul em 2010. Representantes da ICM e presidentes dos sindicatos dos trabalhadores das 12 cidades sede vão se reunir nos próximos dias 17 e 18 no Hotel San Raphael, em São Paulo, para decidir a paralisação, prevista para o início de 2012.
Dois fatores isolados, mas essenciais, ajudam a alimentar a ameaça de greve. As obras precisam estar prontas até o fim do ano que vem para que o país possa sediar a Copa das Confederações de 2013. Se isso não ocorrer, a entidade máxima do futebol terá o direito de escolher uma nova sede para o evento, inclusive o Mundial de 2014. Isso não deve ocorrer, mas o risco paira no ar. O outro elemento de pressão é o fato de serem obras destinadas ao mesmo evento — a Copa do Mundo —, apesar de realizadas em locais distintos. Sindicalistas e trabalhadores defendem que todos devem ter as mesmas condições salariais. “Não temos como evitar isso. Os trabalhadores hoje têm celular e internet, eles se comunicam e sabem a realidade de cada uma das obras em curso”, prosseguiu Paulinho.
A reunião entre dirigentes sindicais, nesta semana, formalizará esse intercâmbio de informações entre as entidades. “Será uma espécie de termômetro de como estão as condições de trabalho em cada canteiro de obra da Copa no país”, diz Maurício Rombaldi, representante da ICM responsável pela coordenação da Campanha pelo Trabalho Decente para a Copa do Mundo de 2014.
Entre os consórcios responsáveis pela execução das obras, a preocupação é que um movimento grevista nacional aumente muito o poder dos sindicatos nas negociações. Para o vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Ralph Lima Terra, o acirramento do clima entre consórcios e operários é o reflexo da cultura do país. “No Brasil, não estamos acostumados a lidar com obras desse porte com prazo fixo para serem entregues”, diz Ralph.
Advogado especializado em atender empresas de engenharia, arquitetura e infraestrutura, Fábio Moura afirmou que uma greve geral por questões salariais é um absurdo. “Por mais que eles queiram alegar diferenças salariais, é impossível para as empresas pagarem os mesmos vencimentos aos trabalhadores de Salvador, São Paulo e Manaus, por exemplo, já que isso está ligado ao custo de vida de cada cidade”, declarou.
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